Praça do Cordel

Encontro de cordelistas

PRAÇA DO CORDEL

“Os visitantes da feira,

Com vale-livros ou não,

Assistem dança, teatro

E vídeos em exibição.

Encontram-se com artistas,

Na praça, com cordelistas

Fazendo declamação.”

 

Os versos acima apresentam um pequeno recorte daquilo que o visitante encontra na FLIFS. Eles compõem o cordel ABC da Feira do Livro, de autoria dos cordelistas Luciano Ferreira e Romildo Alves, escrito por ocasião das comemorações dos dez anos do evento. Nas duas últimas linhas, os poetas expõem a Praça do Cordel, onde, desde 2011, acontece o Encontro de cordelistas, repentistas, xilógrafos e folheteiros, idealizado para abrigar tão insigne manifestação cultural. Mais que um espaço físico, é destacada ação sociocultural da FLIFS que compreende a Literatura de Cordel como valioso instrumento identitário regional, constando da programação oficial, durante os seis dias de sua realização. Em outros versos, temos um fragmento da visão desses poetas e de sua participação na referida praça:

 

Xilogravura e desenhos,

Repentes e improvisos

São atrações que agregam

Interações e sorrisos.

As diferentes plateias

Passeiam pelas ideias

Sem seguir placa de avisos.”

Desse modo, a Praça do Cordel, na FLIFS, é palco para a produção LITERÁRIA, POPULAR E AUTÔNOMA, representante ímpar da arte, cuja divulgação do trabalho realizado por poetas conhecidos, bem como a promoção de jovens cordelistas, constitui-se em espaço para debates sobre as conquistas, os desafios e o futuro desse patrimônio cultural, que tem Feira de Santana como importante centro produtor, consumidor e difusor, haja vista os importantes vates nascidos e/ou radicados na cidade e em sua região.

Além do valor simbólico, referência patrimonial da nossa história local e regional, resultando em reconhecimento e valorização da Literatura de Cordel, como importante gênero literário e manifestação da nossa identidade, a Praça do Cordel, na FLIFS, configura-se também como:

  1. política de difusão e circulação da Literatura de Cordel e seus correlatos;
  2. espaço para a atuação do artista popular, valorizando, sobretudo, o cordelista, o repentista, o xilógrafo e o folheteiro;
  3. vitrine para a Literatura de Cordel e o seu uso em sala de aula.

HOMENAGIADOS

A Praça do Cordel, todos os anos, homenageia poetas e/ou personalidades que possuem destacada participação nesse universo. Assim, já foram homenageados:

POETA ANTONIO ALVES DA SILVA (2011)

CANTOR E COMPOSITOR LUIZ GONZAGA (2012)

POETA LEANDRO GOMES DE BARROS (2013)

POETA PATATIVA DO ASSARÉ (2014)

FOLHETEIRO E POETA JURIVALDO ALVES DA SILVA (2015)

PROFESSOR GENIVAL CORREA (2016)

POETA ADEMAR JOSÉ ARAÚJO (2017)

PROFESSOR JOSÉ CARLOS BARRETO DE SANTANA (2018)

POETA RODOLFO COELHO CAVALCANTE (2019)

PRAÇA DO CORDEL

O milenar ofício de contar histórias tem lugar de destaque nas culturas que valorizam a memória coletiva e os ensinamentos oriundos do processo de representação sociocultural promovido por sua apropriação, independente dos grupos e formas forjados na realidade circundante.

A Literatura de Cordel, devido à sua condição originária, no Nordeste brasileiro, de ser produzida pelo povo e para o povo, convencionou-se denominá-la também de popular, por conta dos meios de produção relacionados à oralidade e à informalidade. E, em virtude do nível de escolarização dos seus escritores, vincularam-na como pertencente a uma condição subalternizada, designando-a como “folhetos de cordel”, em uma associação simplista ao papel (geralmente de baixa qualidade), utilizado na impressão, e à forma como eram/são dispostos por seus folheteiros, presos a barbantes e/ou cordões, nas feiras livres.

Literatura genuinamente construída por poesia popular e escrita em uma linguagem bastante simples, com os traços do modo de falar do povo nordestino, foi, durante muito tempo, pouco valorizada por setores da sociedade, em especial pelos cânones literários e universidades.

Baseada no tripé métrica, rima e oração, a Literatura de Cordel é um estilo literário que oferece ao seu leitor aspectos admiráveis da cultura brasileira. É, sem dúvida, um extraordinário legado do imaginário popular, da conservação das identidades locais e das memórias literárias regionais. Sua origem está longe de ter um consenso: se europeia ou genuinamente brasileira. Contudo, afirmamos que se encontra no ser e no saber fazer do nordestino e está presente na formação social desse povo. Por isso, no dia 19 de setembro de 2018, foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro, pelo Instituto Histórico Artístico Nacional – IPHAN.

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