Juraci Dórea

Artista homenageado

HOMENAGEM

Juraci Dórea

Vaqueiros, beatos, rezadeiras, cordelistas, cangaceiros… Homens e mulheres desprendem-se das obras de Juraci Dórea, como num ato de gênesis à paisagem cultural, com gentes e bichos, mitos e lendas, narrativas de amor e aventuras, feiras livres e manifestações populares formam uma iconografia poética de histórias do Sertão,  inscrita em carvão, pva e acrílica.

Além do universo pictórico, fruto das fortes ligações com sua  terra, estandartes e esculturas gigantes também inundam o universo criativo de Juraci. Com textura e cheiro de couro curtido, evoca os couros de amarração, de arrasto ou de cobrir os caçuás cheios de novidades, especialmente os folhetos de cordel.

No Projeto Terra, couros espichados em varas erguidas na aridez dos espaços ermos do semiárido baiano, o artista apresenta icônicos referenciais da cultura de uma sociedade formada a partir da civilização do couro, ligada à natureza e à cultura, ao tempo que assume o propósito de criação plástica a ser observada e indagada pela gente simples do Sertão.

A obra de Juraci Dórea é  lugar-memória, vicejando a polifonia cultural de temas e personagens  matizados de identidade regional, ao tempo em que na sua autenticidade plástica/artística a universalidade perceptiva impressiona o contemporâneo que  aprecia sua obra.

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SOBRE O HOMENAGIADO

JURACI DÓREA nasceu em Feira de Santana, em 1944. É artista plástico e arquiteto. Participou, a partir dos anos 1960, de numerosas exposições no Brasil e no exterior, entre elas: Artistas Contemporâneos da Bahia (MAC São Paulo, 1983); VII Salão Nacional de Artes Plásticas (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1984); 19ª Bienal Internacional de São Paulo (São Paulo, 1987), 43ª Bienal de Veneza (Itália, 1988); 3ª Bienal de Havana (Cuba, 1989); Projeto Terra (Université Paris 8, França, 1999); Cenas Brasileiras (Caixa Cultural Salvador / Galeria D. Pedro II, Caixa Cultural São Paulo, 2007); O Sertão da Caatinga, dos Santos, dos Beatos e dos Cabras da Peste (Museu Afro Brasil, São Paulo, 2011); 3ª Bienal da Bahia (Museu de Arte Moderna da Bahia, 2014); 10ª Bienal do Mercosul (Usina do Gasômetro, Porto Alegre, 2015); Memories of Underdevelopment (Museu de Arte Contemporânea de San Diego, EUA, 2017); Memorias del Subdesarrollo: el Giro Descolonial en el Arte de América Latina, 1960-1985 (Museu Jumex, Cidade do México, 2018); À Nordeste (SESC 24 de Maio, São Paulo, 2019); 34ª Bienal de São Paulo (São Paulo, 2021); Debaixo do Barro do Chão (Museu Brasileiro da Escultura e da Ecologia, MuBE, São Paulo, 2021); O Estado do Mundo: Museu do Atlântico Sul (Pavilhão Branco, Lisboa, 2022); e Eu Não Enterrei Meu Umbigo Aqui (Galeria Marco Zero, Recife, 2023).

É autor de  Um quase poema para Edwirges (1976), Eurico Alves poeta baiano (1978),  O cavalo sepia (1979), Histórias do sertão (2002), Cartas de Eurico Alves: fragmentos da cena modernista (2012);  Feira de Santana: memória e remanescentes da arquitetura eclética  (2018). Co-autoria (Rita Olivieri-Godet)  Jorge Amado em letras e cores: ensaios e desenhos (2014), além de inúmeros folhetos.

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